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Pilha de compartimentos

DESCENDO A SERRA e CIA

As ações de busca e apreensão ocorridas contra o Senador José Serra e sua filha Verônica fazem parte de uma sinfonia crédula e suspeita. Mesmo diante do prodígio da impunidade conferida ao tucanato ao longo das últimas décadas, ou imunidade tucana, como queiram, conferida pelos procuradores do FBI cuja sede fica em Curitiba.


Para quem não sabe é lá que o nosso J. Edgar Dallagnol Hoover, juntamente com o Judge Moro, coordenaram uma das maiores investigações abusivas da história da nossa república. Eu pessoalmente não sabia que tinha tanta gente nesse meu país que acreditava em Papai Noel e sinceros Paladinos da justiça. Pois saibam que se você não for um destes, tem gente que confia religiosamente nas declarações de procuradores pomposos, na fala assintomática e que contamina, de que existe formação de quadrilha em todos os investigados da república. Essa gente, que pode ser você, acredita em qualquer power point.


De qualquer forma, essa investigação que aparenta almejar Serra e Ronaldo Cezar Coelho, não é uma investigação bananeira. Isso porque os tempos são outros e os homens de preto não estão muito à vontade com os procedimentos antipetistas que justificaram a adoção sem prazo de prisões preventivas, a violação dos princípios de presunção de inocência e a dispensa de provas entre as regras de validade das delações premiadas.


Além disso, os intocáveis ainda utilizam as metralhadoras da imprensa como veículo para a espetacularizar e acuar os investigados. Estando condenados pela opinião pública previamente, o juiz ou juízes de instâncias superiores, seriam mais facilmente pressionados a referendar e definir a dosimetria da pena.


Na época de ouro da lava jato, cujo resquício ainda reverbera entre os seguidores de Moro, não havia quem desafiasse publicamente o idílio Lava Jato - Globo. Esse esquadrão curitibano tornou-se uma espécie de seleção brasileira retornando com a Taça. Só faltava desfilar de carro de Bombeiros pelas avenidas desse "algum lugar no paraíso" que se tornou a terra inventado pela Lava Jato.


Mas ninguém imaginava que os Procuradores curitibanos poderiam ser também, agentes evangelizadores da Halliburton, anti-odebretchianos, cujas conexões com a Globo, o Bispo Macedo, o Silvio Santos e o Ratinho fornece um cenário meio draconiano e antinacional.


Muitos ainda imaginam que eles são apenas seguidores de um ser de luz e guia espiritual, esse indivíduo cuja toga ocultava uma mistura de agente da CIA com Guru e profeta de sentenças judiciais. Nosso John Wayne é aquele que foi capa da Times e modelo de enormes cartazes nos vagões do metrô que circulavam em Lisboa e outros países da Europa anunciando palestras contra a corrupção. Justiça há de ser feita, esse era o nosso ex-ministro da Justiça.


Ninguém imaginava que tudo isso poderia ter uma conexão com o objetivo de forçar um "downsizing" na estrutura de pessoal da nossa maior empresa do ramo de construção pesada, a Odebretch, reduzindo de 200 mil para 10 mil o número de empregados. Uma reengenharia espetacular na estratégia de favorecer as honestas concorrentes americanas.


Seja como for, quem está em foco agora é Verônica Serra, formada na escola de conhecimentos que mesclava a burocracia dos altos negócios governamentais brasileiro capitaneada pelo tucanato paterno, com a formação técnica, empresarial e financista de Harvard, cujo patrocínio veio da Fundação Educar, do mega empresário Jorge Paulo Lemann.


A dileta filha do Senador José Serra, que teve uma carreira meteórica associada a Verônica Dantas, filha do Daniel Dantas do Oportunity e às fantásticas e selecionadíssimas oportunidades oferecidas pela elite do nosso deep state (*). Riquíssima, opera as contas internacionais da família e cujas origens nunca poderão ser comprovadas.


A questão dos 40 milhões de reais de suposta propina recebida conforme depoimento do delator da Odebretch, se não cair em prescrição ou mergulhar no imbróglio judicial que alia expertise com influência da pesada, semelhante ao caso Aécio, deve vir a ser julgado lá por 2050, quando Serra for uma proposta de nome de avenida ou estátua a ser derrubada.


Para mim, ironias incontroláveis à parte, mais importante que os resultados das investigações é ver o deleite sociopata da ala bonapartista com esses movimentos da polícia federal. Mal sabem eles que Serra conhece muito mais gente lá dentro e a contra-informação ainda não começou a agir. Não é divertido ver o desmonte do conservadorismo mais autêntico pela reversão de expectativa quanto a credibilidade do partido que foi o fiel da balança do último impeachment.


Para o demiurgo B, cujo nome a cada dia se torna mais inominável, a mensagem semiótica desse jornalismo sempre simplista, redutor, patético, populista e conformista, das emissoras de TV, oferece tudo de bom ao seu entendimento. A agora "sua", polícia federal, que em nome de sua família, pátria e Deus, fora apropriada, estava no encalço do "comunista" José Serra. Um símbolo do esquerdismo entranhado na história brasileira.


Mas Deus e a famiglia Sara Winters sabem o que fazem, e a justiça há de enchê-los de esperança, mesmo que por pouco tempo, que se fará, pelo menos enquanto o assunto Serra não cair no STF e qualquer dos juízes de lá resolver parar com seus excessos. Tudo é possível no terreno lacustre em que se tornou nossa república.


Com tantas interpolações resultantes desse estágio mórbido da nossa história, existem inúmeras possibilidades para tentar explicar o que está por trás do pano nestas ações da Polícia. A primeira e pouco provável, seria o grupo do atual Governador estar por trás desse teatro grotesco e desmoralizante da ala tucana do Serra, adversária da sua ambição presidencial. Outra, seria o interesse por parte da turma do mal do Planalto em querer desviar a atenção de sua desordem institucional e enfraquecer a frente tucana cujas possibilidades eleitorais aumentaram durante a pandemia. E agora, uma grande parte da PF, atua em uníssono com as lideranças do Planalto.


Pode ainda, hipótese defendida por vários blogs de esquerda, ser uma ação deflagrada pela Lava Jato para mostrar força e se mostrar partidariamente independente, num momento em que a ala curitibana vem sendo investigada pela PGR. Tudo é possível diante do impossível acontecido de saber que o ex-Presidente Temer tornou-se conselheiro do Presidente.


Fato é que, na ausência de uma esquerda que consiga se destacar ou protagonizar ações de impacto, o máximo que sobra para os progressistas é abrir uma cerveja, sentar no sofá e assistir na TV as escaramuças da guerra das "direitas".


(*) Deep State - Nos Estados Unidos, o "estado profundo" é uma teoria da conspiração que sugere que conluio e compadrismo existem no sistema político dos EUA e constituem um governo oculto no governo legitimamente eleito.



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